Tentativas de se fazer adaptação de jogos de video-game para TV ou cinema têm resultado em tremendos fracassos, sendo o exemplo mais recente o fraco Assassin’s Creed.
A Netflix chamou para si a responsabilidade de adaptar no formato de animação uma franquia de jogos que tem uma base de fãs enorme: Castlevania. Estrategicamente foram lançados apenas 4 episódios da primeira temporada, provavelmente para “testar” a audiência. Mas e o resultado? Foi bom?
O grande acerto da produção (baseada mais precisamente no jogo “Castlevania III: Dracula’s Curse) foi contar, logo no começo, a história de Drácula e sua esposa Lisa, o que adicionou cores ao vilão da série. Drácula não é apenas um cara mau, mas tem um motivo para desejar a destruição do povo de Wallachia e de seus líderes religiosos.
Outro grande acerto é a qualidade da animação. Um tom sombrio, arquiteturas góticas que remetem diretamente aos jogos e muitos detalhes compõe o cenário. Há também uma boa dose de violência visceral que faz com que o desenho seja classificado para adultos. Apesar de a arte usada nos personagens parecer mais ocidental, há uma nítida influência das animações japonesas.
Trevor Belmont (dublado por Richard Armitage) é o último remanescente de uma família de caçadores de monstros que caiu em desgraça aos olhos da Igreja. À princípio ele fica relutante em fazer o trabalho que sua família executa há gerações, mas é corajoso, habilidoso e tem um forte senso moral disfarçado por sua postura indiferente. Seu personagem tem uma carga de humor negro capaz de arrancar risadas dos espectadores.
Mas, com exceção de Trevor e Drácula, os demais personagens não tiveram um desenvolvimento adequado, embora pareçam ser bem interessantes. Acredito que eles irão aparecer melhor na segunda temporada, que por sinal já foi confirmada com 8 episódios para o inicio de 2018.
Os fãs da franquia vão identificar muitas referências aos jogos, mas a produção não é apenas para os fãs. O desenho funciona por si só com uma trama que se desenvolve naturalmente.
A ação é pontuada e não tira o foco da história mesmo. Creio que na próxima temporada teremos mais das bem feitas cenas de ação e luta.
Resumindo: essa foi sim uma ótima adaptação, do tipo que prende a atenção do espectador do começo ao fim. O problema é a pouca quantidade de episódios, que deixa um gostinho de “quero mais”. Se você ainda não viu vale a pena maratonar o quanto antes.